Vingança do coração despedaçado.

"Os medos se dissipam com o passar das horas, dos dias, até dos anos... O outono traz de volta os calafrios que o inverno congela como sementes para a próxima primavera. A agonia, presente em fins de verão, não resiste ao frio. As imagens se tornam nítidas aos olhos que antes eram cegos pelo pulsar de um coração. Mensagens de amor ecoam em deliciosa desarmonia. Sob as folhas caídas, os caminhos se desvelam e abrem-se estradas sem meandros, tão profundas quanto leitos à espera do rio perene das experiências vividas. As margens, incólumes, indicam que as estradas, mesmo submersas, precisam ser corridas, não só pelas águas do degelo de nossas emoções, mas também pela enxurrada de nossos sonhos e esperanças. Deixemos os cavalos às margens e nos lancemos ao barco que galopa no desespero do rio. A jornada é incrivelmente tranqüila. Jamais nos perderemos, pois nossa trilha está imune aos desvios. Ainda que os ventos revoltem nossa fluidez e nos conduzam ao afogamento, a correnteza nos levará à margem novamente. Nessa estrada que beira e observa nosso rio, encontraremos transeuntes, observadores, amigos, paixões e amores. Afluentes e efluentes. Jusantes de arrepios e prazeres, vazantes de solidez e solidão. Nesses momentos, seremos corações pulsantes, nascentes de nossa própria estrada, de nosso leito, de nossos delírios e de nossos desejos. Em nós naufragarão os passantes e errantes, não os verdadeiros amantes. E quando resolvermos desaguar no mar de nossos sentidos, seremos oceano, ou chuva que alimentará nossa nascente. Nunca o fracasso de nossa covardia. Seremos eternos. E eternas serão as lembranças de nossa vivência, dos amores vividos. E eterna será a chama de nossa existência. Mas nada suplantará a alegria de nossa reconstrução após os dissabores. Vivamos e amemos!!!"

Serginho Maresias
Enviado por Serginho Maresias em 09/05/2006
Reeditado em 30/11/2007
Código do texto: T153391