Não há tempo...

Não hás-de entender jamais do poeta o coração,

Inda que se aplique as desventuras tantas do viver,

Não faz juz a vida, a causa, o dito do poema a criação,

A poesia nasce de si e nos dedos logo se rebentam.

(Mas dedos são somente trechos, donde percorre a poesia,

Para no rio do viver desaguar, inda que de um ser insosso.)

Não tente entender a poesia de dor, tão intensa,

Tão pouco se iluda com os versos de amor(inda que tantos)

A letra por si mata, vive, ré-cria, ama, inventa...

Não queira entender, apenas lamente os teus desencantos.

Não queira, te peço encarecidamente, não queira amigo.

Guarda teu sapato lustrado, teus dominós de marfim e vá.

Não há tempo. Tão pouco pedra do entender terás contigo.

Ama, isso somente poderás. Sê contente amigo em amar.

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 14/04/2009
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