Breve momento eterno

Então cale, amor, cale essa forma imprecisa de dizer o que vai aí dentro e venha imprimir na minha pele, com as suas unhas e dentes, as mensagens que sua alma grita e que, de uma forma que não cheguei a compreender, a minha tão bem entende.

Cale e eu também não direi nada, e eu também aprenderei essa outra linguagem e encontrarei a minha forma de rabiscar na sua pele gotas do meu suor, as minhas mãos de artista a desenhar nas tuas curvas o traçado intenso do meu desejo. Calaremos em nós por um breve momento eterno as palavras que já pouco nos são necessárias para falar do que sentimos e poremos nossas almas em um diálogo atemporal e adimensional enquanto nossos corpos confusamente refletem reminiscências de linguagem tão visceral. Assim, quando meus dentes mordiscarem teus mamilos, quando tuas pernas se entrelaçarem em minhas costas, quando minhas mãos percorrerem tuas costas e minha língua o teu corpo inteiro, teus pelos eriçados, sabe-se lá o que nossas almas estarão conversando. Que importa saber? Entre nós não há segredos, há somente esse amor inexplicável, inexprimível, que só a outra dimensão conhece, aquela mesma que a consciência não alcança. Mas o que importa? Quando, enfim, entregues ao êxtase do clímax deitares no meu peito e voltares ao teu corpo e eu ao meu, o coração terá em si todos elementos dos quais necessitava. E, de alguma forma, terei a certeza de que o que teus olhos diziam era mesmo o que meu coração sentia antes desse breve momento eterno.