Depois de ontem
Enquanto dobravam os sinos
A minha boca queria a tua
Meus olhos tentavam penetrar-te
E inquieto meu corpo comprimia-se
Foram momentos de tortura
Em que eu te ouvia falar
Que éramos mais que amigos...
Que havíamos queimado etapas...
E num silêncio que não me pertencia
Com minha’lma suplicando
Fui vendo distante tua imagem
Tenebroso pesadelo...
Em soluços e ainda muda
Começava a descortinar a verdade
Nunca antes escondida
De que apesar do meu querer
Não nos pertencíamos
Confesso que ali,
Quis eu ser o objeto
E que tu fosses o dono
Mas também ali percebi
Que toda a mágica
De meus sonhos
Esvaía-se em meio a um
Fumaceiro do real
Calaram-se os sinos
Eu continuei a querer-te
E ainda muda,
Entendi tua angústia...
O teu pesar
Quando a despedida nos fez estranhos
Pouco menos que conhecidos
Longe de sermos amantes
Dolorosamente caminhei...
Os pensamentos não cabiam juntos
E beirando um desatino
Que quase me faz voltar...
Segui em frente e chorei.