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Não era bem pra ti que eu desejava escrever.

Escrever? Ora, o que é isso?

Mas tu estas ai em cima dos cabelos enrolados.

Tu ai, rolando pedras e quebrando lâmpadas.

Que devo dizer?

Que tu és algo maravilhoso?

Uma vara para pescar? Mas o rio é morto!

Uma arma para caçar? A floresta é deserto!

Uma casa para morar? A família é ruína!

Uma mulher para amar? Cadê-la?!

Não julgues tão simples. Não tão simples.

Que fizeste de bom hoje, foste vê-la?

Onde ela está? Dentro da madrugada?

É um lugar ruim.

Dentro do dia inteiro escondida?

É ruim também.

Mas ela não toca teu braço?

Ela não da-te a mãozinha e pede pra ti por lindos passeios?

Flores no cabelinho dela e, deitada na grama,

diz o nome do cruzeiro do sul?

Não é noite? O que tu queres dizer?

Não aprendeste, não é?

Mas a vida não é escola.

Não há ensinamentos na vida!

Não para alguém como tu!

Tira esses sapatos cruéis que te estrangulam os pés!

Teus pés são pequenos, tuas mãos são pequenas.

Tua mulher tem que ser pequena.

Mulher pequenina, Mulherzinha....

E ela agora oculta atrás da cortina.

Lá naquele quarto cheio de tinta rosada na parede.

Ela só no quarto. Sabes o que ela faz?

Conversa com o pinico.

Não é algo tão romântico, mas por certo é verdadeiro.

Conversa também com o despertador.

Conversa com tantas coisas...

E tu, onde andas? Deixa-me ver onde estás...

Ah! Ali estás! Acocorado no matagal.

Ali, pertinho do rio, pertinho das pedras.

Fazendo o que? Tentando, sempre tentando aprender uma música.

Te ensinam? Mas que ensinamentos alguém pode dar?

Não entendes música? Não sabes realiza-la?

Porque não vais nesse agora ao cemitério?

Rouba os vasinhos de barro.

Em casa – que não tens – planta as violetas.

As violetinhas, as tão meigas flores.

As flores bonitas, as florzinhas...

Um dia, quem sabe, afirmam-se tempos de realizações.

Passarinhos cantam canções..

Um dia, talvez, um sol e uma lua.

Talvez, quem sabe, estrelas.

Talvez meteoros...