Desilusão

Desilusão

Não se desculpe

Não se justifique

Não é necessário

A culpa é minha, somente minha

Eu não quis ver os sinais

Ignorei os fatos, tapei minha visão.

Ultrapassei os limites da persistência

Invadi o mundo da tola insistência

Destruí a paciência, a sua e a minha,

Eu sorvia as migalhas de atenção que você jogava

Fingindo saborear amor com tempero agridoce

Mendigo de sentimentos ilusórios

Imaginei futuros impossíveis

Assisti desfechos sempre previsíveis

Buscando nuvens inatingíveis.

Como querer ser amado sem se amar, sem se dar o devido valor

Paleta sem cor, excêntrico espinho na bela flor

Terreno fértil para o plantio da dor.

Passei o tempo amando cegamente uma ilusão

Alguém que só existia na minha visão

Minha dolorosa obra de ficção.

Agora que foi retirado o véu

Vago a esmo, solto ao léu

Sem poder ver sequer um sinal de esperança no céu.

A tempestade vai passar um dia

As brumas se dissiparão e levarão a melancolia

Quem sabe dessa situação até um dia eu ria.

Até lá vou destilando lentamente toda desilusão

Lutando corajosamente com minha maldição

Buscando reencontrar a fé no amor sem perder minha razão.

Leonardo Andrade