Chapéu sem abas

Sob o meu chapéu sem abas, transparente como água vinda da mais límpida fonte, escondo meu rosto pobre de felicidade...

Ando disfarçando a vida difícil de levar... Imensa bagagem que o cotidiano me conduz a insertos manhãs... Talvez a sorte, se é que mesmo exista, me encontre por aí...

Sei, meu maior amargor são meus próprios erros!... Não sou perfeito como as plantas, nem perfumada é minha alma quanto às flores... Sou homem ainda profano!... Um garimpeiro do nada neste mundo de ilusões...

Amei... Fui amado... Serei enquanto vivo... Sou sábio de que a vida independe de mim... Se hoje eu for embora, amanhã já não serei lembrado como vivente... Mas como passado...

Queria mesmo saber o segredo dos místicos, como conseguem viverem desertados... De sandálias e túnicas em direção aos reinos dos céus...

Se assim eu soubesse, mais perto estaria à revelação do que é ser crístico...

Ando tão fugido da luz... Em ziguezagues sobre as aspirais que me leva a abismos infindos... Tenho sido mais ego que propriamente Eu. Esquecido de meu real sentido de ser humano...

Retiro meu chapéu sem abas e vou pela vida corrigindo-me os passos... Pois sou senhor do meu destino.

_______________Agnaldo Tavares_____________

Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o Poeta em 27/04/2009
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