Aiii...Sinto um arrepio de emoção !!!

Hoje queria ter apenas 5 anos de idade... meu amor,
para voltar a não saber absolutamente nada da vida,
e à noite poder fazer do travesseiro o meu ursinho.

No entanto, aqueles sonhos infantis são apenas quimeras
parecidas àqueles jardins que via nos lindos contos russos,
onde uma princesa, parecida com você, me enchia os olhos,

completando minhas idéias de um mundo encantado, feliz,
e onde não havia lugar para a felicidade se esconder de mim,
porque realmente acreditava em fadas,duendes e princesas.

Agora, exatamente neste instante, não visto mais a bonita
roupinha de marinheiro , onde apareço numa foto amassada
dentro de um álbum, que mal abro porque passados doem,

já que nessas fotos você nunca está realmente ali sozinho,
mas sempre bem acompanhado dos que foram entes queridos
e que hoje repousam, como naqueles contos, entre as nuvens.

Então sem querer, porque nem buscava nada, acho uma carta
dentro de um envelope reciclado vindo de longe, de Genebra,
e leio....”minha mãe reclama que eu não mando mais postais

daqueles bonitos de castelos, lagos azuis espelhados, palácios,
jardins monumentais, pinturas famosas,quedas d´água, lulus,
dálmatas, Poodles, pores- de- sol e amanheceres lindíssimos...

Depois leio...”Por qué no me escribes más ? Hace tiempo que
no sé nada de ti....No dejes de me escribir...eh ? No te olvides...
Então me sinto mal...porque a carta ficou ali esperando meses,

e lá do outro lado...alguém deve se indignar...pelo esquecimento
que os anos vão trazendo ao se recordar daqueles beijos lindos
que dávamos na rua mesmo , porque a paixão era demasiada,

e nossos corpos eram um só...naquelas noites de plenilúnio...
quando nos equilibrávamos naquele montecito...de Sta.Eulália.
quase que na ponta dos pés porque a paixão sempre levitava...

e parecia que queríamos chegar às estrelas com nosso amor.
Queríamos gritar que éramos felizes para sempre...a vida toda...
E você era uma serrana Huarazina de sangre muy caliente...
E eu nem podia com tuas chamas que pareciam nordestinas

e que me envolviam de tal maneira que nem falar conseguia,
porque sentia em nós apenas os frêmitos de um desejo fatal.

E ali mesmo, apenas tendo a lua como testemunha de nós dois,
nos desvestíamos um para o outro...na branca luz do luar,
que em fachos tênues fazia dar forma a nossos corpos sedentos.

Sim...era assim mesmo...que nós havíamos aprendido a amar,
e qualquer lugar era um lugar...e qualquer chão era nossa cama.
Agora aqui...com essa carta na mão...reconhecendo a escrita

sempre deitadinha e comprida ...eu sei que não sou o mesmo...
e que ela levou a vida que queria mesmo sem muita alegria,
e que eu aqui...levei a minha...bem distante da velha Genebra...

Mas de uma coisa eu sei...hoje eu vou escrever...
Ah...eu vou mesmo !!! Aiiiii , sinto um arrepio de emoção...



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Poesia que fiz em 19-01-09 às 9.45 h em SP
Lua minguante - Encoberto - 27 graus.
Beijos e abraços para você...Boa terça...

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