ROTA DO PRAZER - construção

Sinto-me com alma lavada, amada,

De resposta sincera e aguda, linda.

Não precisei explicar nada, por quê?

Não há nenhum argumento, onde?

Sou deveras humilde, sim, como?

Porque melhor não existirá, só eu.

Das linhas retas e bem feitas, por mim,

Do alto do meu olhar, curvam-se,

Como todos, de baixo para cima,

Como nenhum, de cima para baixo,

Sou o que sou e está dito, sou mito.

Sou mais do que sou, nisso eu insisto,

Apenas me disfarço, não sou vaidoso.

Estou aqui no meu canto, quieto,

Não é preciso esse pranto, eu fico,

Sou tão pouco de tudo, será que posso?

Sou nada, sou quem aguarda, sorrindo,

Ajudo-me a ajudar, com sua ajuda, é fato,

Minha riqueza é sonhar, é muito?

Minha vaidade é estar, com todos,

Minha herança e deixar-me sonhar,

E sonhar com os versos, imersos,

Sob um amor sem testemunhas, para que?

Ter a vaidade como a certeza da solidão,

pois que só, um coração vazio de amor.

São raros apenas um, apenas outro,

Um pouco de um, um pouco do outro,

É razoável se viver de erros e acertos,

É dever conhecê-los a fundo, distingui-los.

Sou o que sou, podendo mudar, por que não?

Somos todos, filhos da vaidade, egoístas,

Mas somos filhos da dor e da resignação,

Somos tão maus até que olhos nos percebam,

Infantis e meigos olhos marejados, suplicantes,

Não há vaidade e egoísmo quando alcançados,

Pelo singelo sorriso de um amor de criança.

Somos todos parte de uma poesia em construção.