Louco ao espelho

Procuro por algo que não tem nome e nem cheiro. Procuro por algo que me faça sonhar acordado. Talvez minha busca seja inútil, talvez seja produtiva, a única certeza que tenho na vida é que sou um ignorante. Talvez acabe sendo encontrado. Idéias surgem na minha cabeça tão rápido como desaparecem. Juro que sou normal. Juro que amo a todos tanto quanto espero ser amado. Bebo na mesma fonte que bebem os filósofos com a esperança de ser um deles. Vã esperança. Acredito que a humildade precede a honra assim como o deslumbramento precede o caos. Não espero entrar para a história, mesmo sendo agente dela. Acordo todas as manhãs pensando nas mesmas coisas. O ceticismo é a minha defesa natural contra todas as bobagens que escuto diariamente; sou jovem demais para ser tão cético. Ou seria velho demais para ser tão crédulo? Eu vejo coisas que pouca gente vê, sou o messias renegado de um povo cego, sou a coisa mais imperfeita jamais criada. Grito, escarro e gozo como qualquer um. Sou apenas um pecador.

Campinas, 2005