Hino à vida

Amei-te, é verdade.

Num súbito, fugiste de mim.

Não que eu pudesse, mas cruzei os olhos;

Vi-lhe, em um perspicaz momento, a me olhar.

Fingi que não lhe vi; esqueci.

Ao correr a mim,

Lembrei-me de ti;

Procurei, não achei, desisti.

Enxuguei meus remorsos, prossegui.

Encarei-me frente à arca da mutualidade,

Vi-lhe.

Corri, procurei, não vi:

Fugiste de mim.

Com fulcro na esperança, persisti.

Fui ao longe, não resisti:

A força Maior irreversível censurou-nos.

Derrota? Nunca há de existir.

Extingui a moralidade vil, resolvi revestir.

Ao encontro de ti, encontrei-me a mim;

Virei, nesse momento, outro.

E n’outro espaço transcendental,

Não vi a ti;

Mas encontrei-lhe,

Pois se meus olhos enganam-me,

Meu coração é faceiro.

Eu, o cego que viu por derradeiro,

É alguém que ama mais a vida

Que o bobo vidente passageiro.