DOM RODRIGO

Na passarela da vida, no frio ou no calor,
Dom Rodrigo se embriagava de vinho tinto
e de seus olhos marejados corriam lágrimas, de esperança
na busca de compreensão, atrás de um sonho distante
que procurava à primavera ao ver o sol brilhar radiante.
Dom Rodrigo, nunca se lamentou se não de si mesmo
e certa donzela de cabelos loiros que não compreendia
sua linhagem de jogral.
Dom Rodrigo oferecia esmolas aos pobres e aos ricos,
ao desfiar as contas da solidão.
No caminho da chuva, no inverno gelado, sobre pedras
e espinhos, corpo cansado à procura de uma fonte,
contava casos ao som de seu violino singrando fantasias.
Sabia sorrir a cada passagem de estação por entender
que as mudanças tinham sentido e razão.
Dom Rodrigo, não se importava vendo sua imagem
no espelho: Sou eu?! Um transeunte, um atleta,
um vogal, um juiz... ou zé ninguém.
Se o filho tinha sua postura, como a flor que brota,
calada espalhando seus ramos verdejantes.
Se o pai e a mãe eram vivos, se sabia fazer poemas
ou fruir longas manhãs de chuva e vento.
Sob a luz das estrelas meditava impregnado de dúvidas,
se o homem da cruz o perdoou?
Pedia apenas que a donzela de cabelos loiros, o esperasse sempre com um sorriso.
Mas os tempos foram ficando difíceis, muito longe
do alcance da sua mão, perdendo e branqueando
seus cabelos ralos.
Hoje só a sombra de Dom Rodrigo persegue a dama,
que sequer percebe sua sombra e não sorri.
Dom Rodrigo bate espadas com os seus fantasmas,
na sinfonia da solidão de uma longa e tenebrosa odisseia.
Já morto (Dom Rodrigo ou Dom Diego?) dirige exércitos
de remors
os.
Paulo Avila
Enviado por Paulo Avila em 30/04/2009
Reeditado em 02/12/2010
Código do texto: T1567902
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