Eciton e sexdens
Eciton e sexdens
30 de janeiro de 89
A dúbia forma do instante que se
materializa em uma espécie
dourada e roxa e meiga.
Mas o que pode ser/representar
essas pequeninas coisas?
Será o fim da labuta diária
desejando uma carinhosa recompensa?
Será o instante perdido,
bem lá no meio do capim seco,
que como espiga de aveia
não pode confundido ser?
Será a mágica noite
de uma rosada bailarina
e encantar os que não podem;
e não reconhecem;
e não desejam;
e não sabem, e que,
apaticamente não sentem,
mas que, mesmo assim, aplaudem?
Dança menininha, dança
o último desejo e o primeiro dissabor.
Mas lembra do dragão vermelho
e roxo e feio, que tua mãezinha
descreveu, horrorizada.
Amanhã é a hora que contém
uma linda caixinha de surpresas!
Você vem bonita e cheirosa
e diz, sorrindo:
- Menino, dá-me um pequeno vaso.
Daqueles mesmo para flores guardar!
Você vem bonita e confiante
e deixa atrás de si
um perfume que apenas quer ser
o primeiro cheiro, mas que na realidade,
é apenas um dos pezinhos da centopéia
que na escuridão caminha.
A linguagem é simples e terna:
avisa as formigas que
o sino amanhã irá dormir até + tarde
(e durma você também).