Quem é o real?

Você se foi novamente. A solidão me abraçou outra vez.

De novo, as lágrimas. Outra vez a raiva. Voltei ao limbo.

Não sinto o mundo. Não consigo respirar.

Tudo parece movimentar-se em câmera lenta.

Minha cabeça soltou-se do corpo, agora flutua num espaço distorcido.

Minhas ações, tornam-se mecânicas, pois volto à rotina

de antes de ti...

Ando pelas ruas como se não tivesse Rumo... Prumo... Peso... Gravidade...

Olho as pessoas apressadas, que não me dizem nada.

Parece que nenhuma delas é real, parece que não vivem neste mundo. Ectoplasmas sem vida, sem luz no olhar...

Converso, sorrio, explico, assisto, cuido, tomo cuidado, lembro,Esqueço, e lembro de novo... Como, durmo, trabalho, bebo, me embriago, fumo...

E todos estão ali, sempre juntos de mim, ou vivendo suas vidas ilusórias sem saberem que são apenas espectros, alucinações. Talvez seja a bebida.?.?.?

Sinto um vazio no peito, mas não consigo lembrar o motivo. Sei que existe algo,aconteceu alguma coisa, mas não lembro (ou não é bom lembrar).

O vento está muito frio! Me agasalho, tomo banho quente, ouço rádio, vejo televisão, leio livros e folheio revistas. Tudo tem um gosto de nostalgia, letargia, passado velho. Tento me concentrar, deixar a luz entrar. Mas é torpe o pensamento e creio ser melhor assim. Talvez as lembranças não sejam boas. Quero voltar às cavernas, ficar quieto quando as sombras se movimentarem lá fora, ir cada vez mais para o fundo. Ajudar a matar o louco que disse que lá fora não havia perigo. Imbecil!!!

Vou aquecer-me nesta "garrafa negra, êia bebamos" (como diria Álvares de Azevedo).

O macete é esse: se não lembras, as dores não voltam e não te incomodam. Então me juntarei aos espectros e vegetarei também. ******

Um fio de luz na lembrança; um lapso de pensamento; uma alegria distaaaaannnnte; um beijo apaixonado; breve sexo com Prazer absoluto; um amor, palavras (vem morar comigo, eu cuido de você!!!???), decepção, não cuidou. Maltratou um coração que só batia porque ela estava ali... ou será um coração etéreo, imaginado assim? Volto a notar os fantasmas na rua, fazendo compras, indo a escola, jogando bola, bebendo nos bares. Me afasto pois de repente sinto muito medo. Um estalo, um clarão. Os espectros se tornam sólidos. As ruas ganham vida, cor, movimento. Ouço todos e ninguém me ouve. O que acontece comigo? Minhas mãos, minha voz, meu corpo. Estou esfumando e sendo levado pelo vento. Não me lembro como ou porque mas por um momento parece que sou eu o intruso neste mundo. Fui e agora voltei? Será que sou eu o irreal, o espectro, o ectoplasma? Nem disso eu tenho certeza, então simplesmente deixo a brisa me levar.

A única coisa que tenho absoluta certeza, é que: Ela se foi por muitos motivos, e eu não a repreendo, eu a entendo e peço desculpas por ter sido fraco, por deixa-la ir, por não ter entendido que era eu quem devia ter cuidado dela. Ela é, foi e sempre será a mais linda de todas e eu serei a ela eternamente grato pelo presente maravilhoso que ela me deu, e que se chama A...

Desde que ela foi embora, (ou será que fui eu quem partiu?), não tenho certeza se eu ainda existo ou se sou apenas uma alma penada a vagar pelos becos, mas quando estou com A... sinto nele toda a realidade que fomos e quão forte é o amor que colocamos nele.

Só estou de pé porque ele me ampara com seu sorriso ingênuo e sincero, moldado na boca mais linda do mundo, herdada de ti, minha adorada assassina.

Demian

*Apenas deprimido por um momento*

DEMIAN
Enviado por DEMIAN em 19/05/2006
Código do texto: T159110