Glória
20 fev 89 Glória
“Saltimbanco em jejum exibir teu canto
e teu rosto molhado em invisível pranto,
para o vulgo explodir em sua gargalhada.”
Baudelaire
Seguir-te o conselho novo
e das gavetas cheias
da marmelada de meu diz,
a ti, em um dia, enviarei cheiroso
os mais nobres grãos, das aveias
que nasceram esperando a homenagem tardia.
Amargo agora o igual
de parecer-me a tantos
e em tantos lugares, feito
a tristeza desigual
de alegria de meus cantos
nos papéis em meu peito.
Amargo! Amargo!
É o som que leva
a água de meu olhar, mesclado
de chamas e afago.
O que uma vez tu enxerga
é tudo que já é a mim, passado.
Que valor darás ao que tenho que esquecer?