A FORÇA QUE PARIU A VIDA

Só o vento não cessou

- as ondas, todas minhas cúmplices –

Apenas o caos se esvaiu pelo ralo da frente, sem bilhete de volta, sem lapela engomada.

Às vezes, lança a vida, arestas incandescentes, só para intimidar; apenas para segregar os fortes dos humanos. Mas, debalde, as cartas se alteram, e, sob estrondo múltiplo dum torpedo, a garatéia é içada... hora de zarpar!

Pois, às horas dum desalinho conjunto e apoético, renasce a força imbuída de desejo supro, de sopro ácido e retumbante. Só para nos encorajar; apenas para nos mostrar a escada; só para nos deliciar à hora do jantar...

Só os peixes me entenderam; nem as pedras me falaram, nem das amizades [gotas de botruco escuro na epiglote cerrada e prásina]. Não me fiz de indulgente, segui, apolítico, abstêmio e repletíssimo.

Vivenciar-se-á os holocaustos por periscópios imbricados, sob aspecto tenaz e preciso nessa alcatéia dorida, humilhantemente escarlate denominada vida.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 19/05/2009
Reeditado em 19/05/2009
Código do texto: T1602493
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