REDOMA (versão em prosa)

Você elimina o concreto dos meus dias; sopra suave, sereno, a cada segundo, a dulcíssima certeza de sua presença.

Vaga pela severidade de minhas coisas salpicando formas, tons de vida, efeitos de brava chuva em solo seco do sertão. E construo brinquedos com a realidade...

Você me guia pelas mãos, pela respiração, guarda-me em sua trajetória tranquila que flutua a criar com vestígios de estrelas

os primeiros traços da perfeição do mundo.

Nós envolvidos numa redoma de quimeras e as horas, despidas de qualquer urgência, escorregam líquidas por nossos prazeres...

E as horas escorrem lentas e ininterruptas, acumulam-se, transformam-se em imensidão de águas que se elevam sorrateiramente

a submergirem nossos corpos distraídos...

Destruindo os frágeis brinquedos de realidade...

Rompendo a redoma de quimeras atrofiadas...

Impondo movimento à perfeição do nosso mundo...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 25/05/2009
Reeditado em 24/07/2009
Código do texto: T1613214
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