CILADA

As montanhas suntuosas que os abrigam - rochas fortes, revestidas de verde sublime - elas os sufocam na vargem oculta que circundam, de ar rarefeito, rios poluídos e frutos insulsos.

Eles choram nas noites frias da vargem oculta a rogarem por cores, cheiros e sabores dos dias que reluzem por detrás das montanhas.

Querem correr sobre o dorso dos corcéis...

Flutuar sobre conchas pelos mares infindos...

Voar com borboletas nas asas dos falcões...

Querem coroar a luz do sol...

Incandescer-se como se o sol...

Enaltecer estrelas de céus e mares...

Desaguar, desencadear-se...

Antes de se fixarem na vargem oculta, não sabiam da letargia dos seus pomares sem viço, não sabiam que estar entre as montanhas

é provar das massas cruas e secreções acres do que são suas vaidades e ambições estúpidas.

Pobres infaustos! Penetraram por entre as montanhas

envolvidos na cilada da Pretensa Razão e agora não têm aos cajados da coragem para ampará-los na escalada da liberdade.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 26/05/2009
Reeditado em 23/09/2010
Código do texto: T1615147
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