Passagem

Passagem

Tenho um longo vale a percorrer. Um lago defronte a uma longa montanha: a vida. Mergulho em suas frias águas, e mergulho, e

mergulho.... A vida superada na vida, no momento absoluto fora do tempo e dentro dele. Olho o longo vale, e não sei se o olho ou olho

a mim... não sei se sou vale ou se sou homem, não sei apenas sabendo isso... Cascalhos, farrapos da terra esquecidos para si mesmos e

para a humanidade: talvez o reflexo real do humano? Montanhês de corpo e alma, faço minha oração pedindo perdão à terra esquecida

e lembrada, à terra somente não vivida nem atravessada, mas coisificada. Quero capturar tudo, quero sorver a canção silenciosa no

movimento da unidade. Apenas quero o que está reservado a mim e não me pertence, e nem pertence a si mesmo. Quero a promessa

solitária numa tarde ocre infinita, num beijo para sempre esquecido, quero para sempre, para sempre...

Bruno Zenóbio
Enviado por Bruno Zenóbio em 27/05/2009
Código do texto: T1617980