Saber
Estou sempre revisitando as palavras. A mim? Talvez... Não sei onde terminam as palavras em mim e não sei onde sou eu mesmo sem
elas... Quero sorver o turbilhão sem o seu filtro... Não é possível. A verdade tem os óculos da palavra. O grito mais primitivo ainda sim
é um signo. Estou intranqüilo. Estou? É possível? Apenas digo, apenas digo que sei sem saber o que saber disso. Como posso me
certificar que sei, que sinto. Isso é uma pergunta? Como sei? Apontar talvez seja um saber, e uma falsidade. Todo saber que não verte
sangue é falso. Tudo que é vida não é representação. Quero o átomo original, possível? Talvez minhas dúvidas sejam apenas dúvidas
da linguagem? Ou seriam dúvidas humanas? Tudo que é real e verdade o é porque é pelo humano. Estou num labirinto sem volta.
Tirar-me a roupa é arrancar-me a pele. Sentiria frio, meus órgãos não suportariam. A superação da linguagem pela linguagem encerrase
na abertura da existência...