Saber

Estou sempre revisitando as palavras. A mim? Talvez... Não sei onde terminam as palavras em mim e não sei onde sou eu mesmo sem

elas... Quero sorver o turbilhão sem o seu filtro... Não é possível. A verdade tem os óculos da palavra. O grito mais primitivo ainda sim

é um signo. Estou intranqüilo. Estou? É possível? Apenas digo, apenas digo que sei sem saber o que saber disso. Como posso me

certificar que sei, que sinto. Isso é uma pergunta? Como sei? Apontar talvez seja um saber, e uma falsidade. Todo saber que não verte

sangue é falso. Tudo que é vida não é representação. Quero o átomo original, possível? Talvez minhas dúvidas sejam apenas dúvidas

da linguagem? Ou seriam dúvidas humanas? Tudo que é real e verdade o é porque é pelo humano. Estou num labirinto sem volta.

Tirar-me a roupa é arrancar-me a pele. Sentiria frio, meus órgãos não suportariam. A superação da linguagem pela linguagem encerrase

na abertura da existência...

Bruno Zenóbio
Enviado por Bruno Zenóbio em 27/05/2009
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