Degrau

Degrau

“Porque não nasci eu,

um simples vagalume?”

Machado de Assis.

Eu vou indo

pelo jardim dos homenzinhos,

colhendo sentimentos pequeninos.

Desgraçadamente sou um deles

e as flores que recolho

sem aroma, não mentem.

Mas eis que anoitece no jardim.

Quem fechou o sol lá fora?

Quem aprisionou-me

nessa vereda de lua ‘cirótica’?

Mereço-te, podre solidão.

Hoje foi-se lindo o dia

e onde eu estava?

Aqui em meu quarto

as janelas gargalham

e não são de alegria

as suas noturnas risadas,

mas carecem de sentimentos

e por isso, zombam de mim.

A cólera se desvanece e se alastra.

Prostituta de sentidos,

atreve-se em minha solidão

para Senhora fazer-se

dos instantes sem resposta.

Decrépitos degraus

de minha ‘inconscia’

escalada à ingratidão.

Decrépitos degraus

que já não são + degraus,

mas partes finais

de minhas doloridas pernas.

“Alegria impostor!”

grita em meu intimo

uma desconhecida voz.

E eu pergunto: Quem és?

E ela responde:

“Uma desconhecida voz.”

Nunca houve um pequeno riozinho

onde eu colocasse meus pés em descanso.

Se tive momentos tão alegres,

dormindo estava, certamente.

Há, em um amargo e inexplorado

canto de meu ser,

uma voz orgulhosa de seu saber,

E ela responde, quando pergunto: Quem és?

”Uma desconhecida voz.”

César Piscis
Enviado por César Piscis em 02/06/2009
Código do texto: T1629239
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