Qual palavra?
Qual palavra?
Não te canses
se a aurora vier silenciosa.
Para que sofrer inútil?
Não é a velha Senhora
que sobe por aquela escadaria
ao lado do casarão,
ali mesmo onde à noite
vês aquela lanterna que causa penumbra
ao portão de entrada?
Não é ela mesma que escutou
a tua cançãozinha e ficou tão alegre
mas nada fala,
pois pensa que a voz dela vale pouco?
Não é aquele Senhor
de roupas e maneiras tão sóbrias
que entra pelo grande portão
e logo após, na grande casa,
- antiga e linda para ti –
não é ele mesmo que te escutou
e calou admirado mas não comenta nada,
pois tem horror a se expor?
E aquele velho Senhor
que perambula pelas ruas
com um sujo saco nas costas,
andando curvo pelo peso das abóboras,
não é ele mesmo que te escutou e nada diz,
pois teme incomodar quem o deixou tão contente?
... eu sou a madeira
de teu violino,
o bambu de tua flauta.
Sem mim, quem conseguiria
achar-te na multidão?
Eu sou o que envolve e adoça.
Sem mim,
eu não te encontraria
e nem tu a mim.