Qual palavra?

Qual palavra?

Não te canses

se a aurora vier silenciosa.

Para que sofrer inútil?

Não é a velha Senhora

que sobe por aquela escadaria

ao lado do casarão,

ali mesmo onde à noite

vês aquela lanterna que causa penumbra

ao portão de entrada?

Não é ela mesma que escutou

a tua cançãozinha e ficou tão alegre

mas nada fala,

pois pensa que a voz dela vale pouco?

Não é aquele Senhor

de roupas e maneiras tão sóbrias

que entra pelo grande portão

e logo após, na grande casa,

- antiga e linda para ti –

não é ele mesmo que te escutou

e calou admirado mas não comenta nada,

pois tem horror a se expor?

E aquele velho Senhor

que perambula pelas ruas

com um sujo saco nas costas,

andando curvo pelo peso das abóboras,

não é ele mesmo que te escutou e nada diz,

pois teme incomodar quem o deixou tão contente?

... eu sou a madeira

de teu violino,

o bambu de tua flauta.

Sem mim, quem conseguiria

achar-te na multidão?

Eu sou o que envolve e adoça.

Sem mim,

eu não te encontraria

e nem tu a mim.

César Piscis
Enviado por César Piscis em 04/06/2009
Código do texto: T1630960
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