Catarina e Antônio, santos (Ou: Leila e Lailo)
Catarina e Antônio, santos
Ou: Leila e Lailo
Daremos alguns nomes para algumas flores.
Que uma represente amores e a outra dores.
Uma pela suavidade e carinho,
outra pela rudeza no espinho.
Mas vamos nós dois esquecer um pouco
essa mentirosa sinceridade.
Criaremos em seu lugar
essa misteriosa claridade:
- Hoje à noite os negros irão cantar por ai,
e um branco irá dizer:
“Eram sinceros quando faziam cantos
por si e por sua dor.”
Mas nós, que também somos brancos
( ao menos eu sou), retrucaremos isso:
- Que + sincero que o canto negro?
Hoje, ou ontem, só eles cantam e dançam.
Na verdade, só eles sabem fazê-lo.
Não esqueçamos disso.
O negro é céu da noite
e o branco são suas estrelas.
A lua é um disco que gira,
e de todas as cores,
torna-se uma só,
que em realidade não é o rosa desbotado
dos que se acham tão claros,
mas um misto das obsessões de domínio,
da qual participam as cores
das primeiras photografias.
Agora vejam o que dizem:
“Que monte de vidrinho colorido
é tudo isso ai?”
Se isso parece-lhes um labirinto,
apenas imaginem-se dentro dele.
É + fácil para sair.