Catarina e Antônio, santos (Ou: Leila e Lailo)

Catarina e Antônio, santos

Ou: Leila e Lailo

Daremos alguns nomes para algumas flores.

Que uma represente amores e a outra dores.

Uma pela suavidade e carinho,

outra pela rudeza no espinho.

Mas vamos nós dois esquecer um pouco

essa mentirosa sinceridade.

Criaremos em seu lugar

essa misteriosa claridade:

- Hoje à noite os negros irão cantar por ai,

e um branco irá dizer:

“Eram sinceros quando faziam cantos

por si e por sua dor.”

Mas nós, que também somos brancos

( ao menos eu sou), retrucaremos isso:

- Que + sincero que o canto negro?

Hoje, ou ontem, só eles cantam e dançam.

Na verdade, só eles sabem fazê-lo.

Não esqueçamos disso.

O negro é céu da noite

e o branco são suas estrelas.

A lua é um disco que gira,

e de todas as cores,

torna-se uma só,

que em realidade não é o rosa desbotado

dos que se acham tão claros,

mas um misto das obsessões de domínio,

da qual participam as cores

das primeiras photografias.

Agora vejam o que dizem:

“Que monte de vidrinho colorido

é tudo isso ai?”

Se isso parece-lhes um labirinto,

apenas imaginem-se dentro dele.

É + fácil para sair.

César Piscis
Enviado por César Piscis em 04/06/2009
Código do texto: T1630963
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