Bilhetinho do fim das coisas

Você ainda não deve ter entendido minha postura com relação a tudo. Escrevo esse bilhete pra te explicar de uma vez por todas, e espero não haver resposta nenhuma. Simplesmente desisti. Desisti de te alcançar. Eu estendi, por muito tempo, a minha mão pra você. Estendi e estiquei o braço o máximo que pude, tentando pegar na minha, sua mãosinha. Queria apertá-la, entre os dedos, e sentir a tua carne quente e pulsante, mas tudo que tive de volta foi o vento cortante. Obviamente, você ainda não tinha percebido minha mão ali, esticada para a sua, e olhava sempre para o outro lado. Quando o outro lado te abandonou, ao invés de tentar me alcançar de volta, você saiu correndo para aqueles outros. Meu braço está cansado. Por que você não tentou me alcansar de volta?

Você, provavelmente sem perceber, me empurrou para longe. Então, é para longe que estou indo.

Agora é tarde. E por mais que você corra para mim e por mais que estique sua mãosinha tão branquinha e tão macia, mesmo com lágrimas nos olhos e o coração palpitante, não vou estender a minha de volta. Por mais que queira pegá-la e te puxar para os meus braços para te proteger, não vou fazer isso. Mesmo sofrendo a sua perda para aqueles outros, não vou te ligar, não vou te chamar, não vou dizer nada, nenhuma palavra para você, porque meu braço se cansou e não quero mais.

Até nunca.

Bárbara Guerra
Enviado por Bárbara Guerra em 07/06/2009
Reeditado em 27/06/2009
Código do texto: T1636368
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