A palavra das flores
A palavra das flores
(leia escutando “In the valley”, Midnight Oil)
Na tempestuosa e triste madrugada
de um qualquer dia de novembro,
eu disse 7 palavras para a lua.
Sei que não me ouviu.
Nem no céu estava, a Senhora.
Mas eu a contemplei por toda a noite.
Ela escondida no espelho escuro do céu
por certo me olhava, carinhosa.
Ela, a Senhora obesa
Sonhei nessa noite que tivesse me dito
sobre o melhor instante
de as Dálias semear.
Mas trovejava nesse instante,
e não pude saber.
No sol do dia seguinte de novembro,
eu semeei os grãosinhos na umidade.
Um dia, Dália Cinzenta, seca e ‘quasemorta’,
sussurra-me:
- Nunca vi a lua, semeador.
Que é feito dela?
Era só um sonho.
Acordamos eu e Dália Cinzenta,
e só o sol foi testemunha.