NÃO SE ILUDAM COM MEU ROSTO INCLINADO

Não se iludam com meu rosto inclinado,

Posição de indeciso rogo.

Felino está no colo, eu o seguro nas mãos.

Com garras domadas, ancestral selvagem,

entre as minhas unhas aparadas e sem verniz,

Ainda.

Hoje não há festa.

Só a noite se aproxima.

Liberto-me dessas correntes. Jugos sobre mim.

Essa que está no retrato sou eu, quando os ares

irritavam meu nariz, alergia incômoda.

O mundo já não tinha alva tradução, e agora.

Meus joelhos dobram sim,

quando o sino do campanário canta.

Anuncia que o Eterno sempre vem.

E nós, os finitos, estaremos mais perto d’Ele.

Não se iludam com meu rosto inclinado,

Posição de indeciso rogo.

Diana Gonçalves – 14/06/2009 – POL – Poesia do dia a dia