NATUREZA MORTA

Conjugando a palavra e o verbo, criei

o céu e a terra, no meio de coisa nenhuma.

Um caminho, de terra batida, com

suas imensas poças de água e sulcos, ladeado

pelo mato ressequido e árvores sem folhas,

não me mostra, mais do que um princípio,

de uma curva, que, apenas suponho,

existir algures, mais à frente, mas só por imaginar,

porque no meio, desta terra agreste, não

há pontos de identificação, sequer.

Apercebendo-me melhor, debaixo de uma

chuva fraca mas persistente, vejo que, noutros

tempos, este foi um campo, de cultivo,

quem sabe, de doces e fortes vinhas,

pois a montanha, está toda dividida,

ao que me parece, por antigos regadios,

hoje em dia, abandonados, nos braços

envolventes, da natureza.

E por agora, a desolação é completa; a terra,

endureceu, e, deixaram de existir, caminhos transitáveis,

a qualquer ser humano. E, todas as árvores,

estão mortas, com suas raízes expostas, como

que, arrancadas, por uma fúria destrutiva qualquer,

que, tão pouco eu, consigo adivinhar,

ainda que, recorrendo, à imaginação, mais fértil.

Conjugada, a palavra e o verbo, entre pedras, caminhais,

sem uma única flor, cor nenhuma, senão o cinzento

e algum branco, lembrando a terrível desertificação,

pelo abandono do homem, para as cidades.

Jorge Humberto

15/06/09

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 16/06/2009
Código do texto: T1651696
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