O PÁSSARO

E o pássaro voa soberano pelos céus! As asas euforicamente se agitam, enquanto acariciam auras. Enlace harmônico com a liberdade...

Os cristais de melodia de seu canto seduzem a plenitude que grata, emana gotas de sol a dourarem suas penas.

E ele se vai, a bailar o seu reinado pelos ares... Voa sobre árvores e rios, montanhas e mares...

Fome e sede saciadas...

Mas eis que de repente, num pequeno transitar de tempo e espaço, mudam-se as cores:

Árvores se queimando!

Rios secando!

Montanhas torturadas pelo sol em fúria, por não guardarem suas prendas!

Mares maculados de morte!

Fauna e flora agonizantes entre chamas!

Fome e sede...

E o pássaro – agora a flutuar sobre edificações de concreto, envolvido em mancha cinzenta que o cega e sufoca, ensurdecido por urros estridentes de monstros de metal – lamenta com o céu pela perda do seu azul e partilha lágrimas com o vento pelo estupro covarde da brisa.

Há cansaço no agitar das asas...

E um ruído estridente explode na imensidão!

E o pássaro, já sem vida, cai sobre o chão...

BHte, 1995.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 17/06/2009
Reeditado em 10/05/2011
Código do texto: T1652842
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