Experiência de amar
Durante aquela dança, que molha o corpo e cansa
Meu olfato não sentia odor, meu tato não sentia o calor da carne.
E das entranhas surgiu o suspiro, que balançou minhas pilastras como furacão,
Da minha mente o desejo, do meu corpo o Não!
As mãos frias que causavam e calavam gemidos, quentes tremiam. Só tapavam da face a vergonha, e da vergonha a face.
Admiro os que tanto odeio,Talvez pela diferença de encarar e viver o mundo ou talvez por uma fina inveja de dois gumes, que surram meu ego, e afundam no mais profundo âmago meu caráter.
Meus inimigos são aqueles que outrora conquistaram meus sonhos, viveram minha vida, e tiraram a pureza dos meus amores.
E nessa busca incessante pelo prazer, pelo igual, saio do campo em que sou mais forte e onde sou Mais.
Mas se em meus fracassos e ilusões me afogar, nadarei à margem e firmarei as pernas, no terreno mais limpo, onde vejo do alto e percebo que aqueles estão abaixo de mim.
Lhe erguerei as mãos querendo ser outro.
Lhe carregarei nos ombros, fingindo que é outra.
Esperarei o pior do meu íntimo, e você será você.
E quando minhas pernas sucumbirem ao peso da minha conciência, estarei apoiado em você, pois lhe tirei do MAR.
E aos meus olhos cruzarem os seus, verei o reflexo monstruoso do que quero ser, e verei que você é somente você.
Dos meus sonhos ecoavam a pureza dos teus lábios, a meiguice do teu corpo, a imaturidade das suas palavras.
No final o ECO do passado me acordou e você ainda era você, e eu era o mesmo. Sem pureza aqui e sem sonhos por lá.