UM HOMEM SOZINHO

UM HOMEM SOZINHO

A luz fria e fina da lua nova banhava a noite. Sentado no jardim da praça, a figura de um homem completava a paisagem. Seu olhar firme e distante mira um alvo o transportando nas asas do pensamento para a liberdade do imaginário seu mundo sob medida – “sua” perfeição. Mas, um trágico delírio na absorção desses pensamentos, devolve-lhe um assustado deslize, despindo-o da roupagem fantasia que se desmorona em fragmentos soltos ao vento manobrista, e caem como purpurim sobre o mundo real da existência. E o homem sob a luz da lua, e sob os retalhos de seus ideais, encharca-se da realidade na ordem natural; submissão para depois conscientização. O homem levanta-se e caminha com passos ritmados. Adiante vinagra-lhe a certeza de que o ponteiro do relógio marca os minutos regressivos de seus passos, enquanto parecem seguir avante. Tenta andar mais lento e uma voz interior sussurra-lhe; - Não são os pés que faz o tempo parar... O tempo é um andarilho sem descanso no avanço para o descaso. E nesse convercê, ele pára e vê pessoas que pisam forte no andejo, pessoas que como ele correm no cumprimento do destino traçado. E o seu destino é andar despreocupado, despreocupado das mesuras na preocupação das aventuras. E o homem agora segue não mais apreciando o redor, segue correndo na direção do horizonte, tentando alcançá-lo, mas, quanto mais corre, parece ele distanciar-se, enganando-se com as nuances laterais. Exausto ele pára com a respiração ofegante, nadando no seu suor de cansaço. O marco de um final vê chegado. O além horizonte é visão só dos deuses. Ele é apenas um homem só na estrada, que só enxerga o limite de suas forças. Um homem sozinho.