CARTA DE DESPEDIDA

O que esperar da vida?

Se a flor que carrego dentro de mim teima em querer me deixar...

Só agora, depois de querer a felicidade, achando-a possível,

É que percebo finalmente que nada, nenhuma força eleva-se ao ponto de adiar a morte...

Pobre flor do meu existir...

E esse caminhar solitário já cansa meus pés,

Penso num instante em parar e descansar, mas a noite é cruel,

Mais cruel do que a noite que precede o dia, é a noite no meu coração

Esta, que precede minha tão sonhada alegria,

Apresso-me em fechar os olhos, pois o que existe ao redor é lodo,

É sujo, é amargo, cruel e injusto,

É meu competente carrasco, aquele que com a ajuda divina,

Levará o mal que brota de minha alma, este mal que não me permite sorrir,

Para onde não mais poderá ferir quando embebido neste mar de solidão,

Aqueles que ousei amar, mesmo sabendo o triste desfecho de sempre...

Que a luz acabe por aliviar-me finalmente,

Que eu possa sentir num último momento,

O sopro do vento acariciar meu rosto,

Dizendo num doce sussuro:

“Acalma-te, logo serás feliz, como sempre desejastes...”

M.A.S.P.

(acaba aqui o ciclo)