Esquálida flor
Esquálida flor
Você lamenta-se
- triste e rebaixada –
de que os ladrões
só queiram roubar coisas belas.
Um inverno, dois invernos...
quantos já foram sem você?
La fora/longe
(ficou você sabendo)
roubaram um dia a “Impressão”.
Roubam tudo o que
tenha um vestidinho bonito.
Mas você, que apesar de
achar-se sem atrativos,
ao menos é uma flor,
Porque lhe esquecem?
Você teve mesmo que escutar
que até os cães só
mijam nas touceiras formosas.
Esquece tudo isso, vai.
Há tempos tento roubar você.
Apenas ainda acorro a achar-lhe.
* Impressão: quadro famoso furtado.
10 de agosto de 1989