Ídolo musgo
Ídolo musgo
( ao som de uma balada de AC/DC)
Götze Môo
14 de julho, 1993 21:20 (neve?)
Criado o pântano, nós
(eu e vocês, os amigos invisíveis)
imaginamos tudo o que temos
de águia e rinoceronte.
Ou tigre e borboleta.
Talvez, cigarra e formiga.
Oh, que terrível palhaçada.
Se há mesmo (e há!) um charco,
oh, por Sêneca que somos
qualquer coisa suja!
É, quem sabe somos
uma moscona verde,
ou um besouro ‘bosteiro’!
Quem sabe um mosquitinho
da imaculada malária,
ou as fezes de uma
+ que venenosa viúva negra!
E oh, repetem-se as palhaçadas!
Pois que, invisíveis criaturas somos,
tudo isso e muito +,
como num remix universal.
Do brejo, a + querida canção ouvimos,
e são as notas frias e secas
de qualquer coração humano.
E não dizem, na real, nada de +:
É o diário latrocínio
dos pequenos pedaços de ternura
- que todos temos.
E + um tantinho de desespero
pela alegria que tivemos sem querer,
e que sabemos, sempre nos é impiedosamente cobrada.
Bom, não existirá + essa coisa nojenta chamada piedade.
Não... acho que não.
Daniela Perez está enterrada ali,
ao lado de minha avó Rachel.
O pântano é de cimento
e são bisonhas criaturas humanas
seus ridículos habitantes.
Vivos. E mortos...
Götze Môo: Ídolo Musgo, em alemão.
Daniela Perez: Atriz assassinada.