POSSIBILIDADES

Bebo da vida que passa pelas ruas

Alimento-me desavergonhadamente da alegria

Espalhada nas mesas da madrugada

Nos botequins da cidade

Canto sem nenhum pudor canções que nem sei a quem pertencem

Mas que servem para me derramar em palavras ao meu amor

Arranco minhas vestes que escondem hipocritamente minhas palavras

Exponho-me como um quadro pendurado na parede

Deixo em aberto em mim todas as possibilidades

O que será que pelas ruas você viu e não encheu o teu copo?

Por quais madrugadas passaste que tua cadeira à mesa permaneceu vazia?

Vem cá, companheiro, senta aqui junto de mim

Vergonha de quê? A canção que canto também não é minha

Também não é daquele ali, que canta com o violão afinado

Espalha-te comigo nas mesas dos botequins

Derrama também teu amor nas ruas da madrugada.

Ah! Madrugada! Amante inseparável dos poetas,

Escuridão disfarçada pelos postes com sua indiscreta claridade

Alcoviteira doce dos apaixonados, beijos e abraços apertados

Companheira fiel dos solitários...

Vem! Senta aqui você também.

Deixa escapar do teu peito a tristeza que te invade

Atente o teu pudor, espalhe na madrugada teu amor,

Cante qualquer coisa que te dê na “telha”

Fale poesia, conte uma história, uma piada

Encha teu copo de alegria

Alimente-se da madrugada

Tome um porre de paixão

Deixe livre tua alma.

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 03/06/2006
Código do texto: T168384