A vida da atriz

Pessoas comuns morrem uma única vez.

Uma atriz morre a cada novo espetáculo e renasce no brilho das cortinas abertas. Em cada cena revive uma vida que não lhe pertence realmente. Na força das personagens revigora-se intensa.

No palco de luz e sombras interpreta a beleza em tudo o que há.

E quando as cortinas são cerradas a deusa recolhe-se nua de si mesma e saciada de luas e mistérios. No camarim secreto, repleto de espelhos nas paredes, cartas e flores na mesa, quem habita a vida da atriz?

O drama e a comédia fazem parte das diversas faces de uma mesma mulher. Ensaios em dias e noites. Grandes experiências em uma existência absoluta. A transformação completa e visceral. Cores, canções e loucura em cada palavra pronunciada do fundo da alma. Não é preciso dizer que ela vive arrastando as suas asas para os anjos que passam assoviando nas ruas desertas e cheias de pétalas carregadas pela brisa. O vento leva e traz saudade. Antigas cantigas ressoam no peito aberto e em chamas. Há segredos na vida da atriz? Somente os deuses do Olimpo poderiam dizer se fosse possível parar a chuva por um único instante.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 12/07/2009
Reeditado em 12/07/2009
Código do texto: T1695119
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