ECLIPSE

Lua negra em vestes de luz

olhos vermelhos exangues na escuridão

sombras e vultos rendem louvor a quem os conduz

sem palavras, sem segredos, mestres da confusão

na terra escritas as sendas do homem, nas águas gravadas um destino...serão as ondas como suas escolhas...serenas e límpidas ou implacáveis tormentas.

È o arrebatamento : êxtase e torpor...suplicas de uma alma sem sentimentos, apenas tormentos da existência ;

Sê inclemente com o erro, ou te perderás por ele, porem perdoa, se está em ti o perdão de quem errou, para que este não se perca por ti.

Sol escuro na sombra da lua desperta ecos nas almas sem brilho, clama gritos das vozes emudecidas pelos cegos olhos ante deuses caídos...e choram os anjos... o deus adormecido em cada homem jaz na sepultura da ignorância enquanto a ignomínia vela para que nunca desperte.

Sagrados portais de esperança maculados, abrindo-se em par á mundos inimagináveis...transeuntes irreconhecíveis de sonhos e pesadelos , cambaleantes avançam rumo ao desconhecido.

E a lua negra e o sol escuro fazem amor na imensidão, indiferentes ao caos do tempo, no espaço infinito como testemunha de uma paixão, ocultos nas vestes do eclipse secular.

Canta o bardo: treme a terra que afunda no mar, e a lava ascende devastando o verde, cremando a flor ousada que a enfrentou. Cala-se a voz nas linhas traçadas da alma em lamento sentido...apure o ouvido...escute a razão...siga seu coração!

Sol amarelo de luz e de fogo acalenta a lua branca em sonhos outra vez...ate a próximo eclipse ...