Tu... Meu livro.

Pensei, um dia, que encontraria em versos as palavras ditas...

Passei pelos dias... Fui mais uma Maria...

Olhei as vestes perdidas no tempo... Um amor rarefeito...

Entre os goles, fomos o que nos fora permitido.

Não é a primeira vez que o olhar empedra... Nem será a última...

A poesia inspira-me... Alegorias...

De Pessoa que passeia pela cabeceira dos sentidos... De Espanca que arranca o feminino grito...

Ainda encontro-te... Mas, não agora...

Meu corpo o pertencer do outro... A escolha definida... Enquanto revelas a tua face... Enquanto rodeias as cirandas de outros colos...

Eu não digo mais nada... Minhas palavras foram assim concebidas... Foram fetos afetuosos... Fatos da memória escarrada... O alertar-dito.

Ensinar-te que o mundo não gira em teu umbigo...

Nas tramas de um texto redondo... Daqueles que a forma engana...

Encontro os cantos... Encontro as quinas de uma vida perdida...

Meu universo é outro... Sou do tamanho que me vira a face...

Serei a musa do teu canto rasgado... Serás a poesia contida...

E... Os autores seresteiam em minha morada...

Eles dizem, no murmurar das entrelinhas, que o poeta cansou de esperar... Que o papel está marcado... Que não há enlace sem verdade...

A poesia é uma criança... Quem sabe contorná-la faz milagres...

Quem surrupia as palavras existentes e as coloca como um vértice definido, não sabe ao certo que elas têm a forma e o gosto do infinito...

O queimar das velas... Das Lâmpadas que adornam os teus pensamentos... Aquilo que pensas ser a tua existência... Foi-se em tuas construções...

Não verás mais a roda do meu giro... Estou nos braços que me acolhem...

E se viver é falho... Se buscarás em outro corpo o meu retrato... A escolha foi o ditar das tuas situações...

Eu ainda tenho os alvéolos dos meus textos descobertos... Esses que escancaro em meu nome... Por quê?... Porque sou de outro tamanho...

O texto, propriamente dito, é o cascalho de uma construção maior... Alarga-se o conhecimento de mundo... Pode-se pousar nas costas de outros ditos... Mas, o que fica de fato é o discurso cuspido... Depois...

Depois... Olhamos outras faces... Corremos o dia, em torno do que nos é pedido... E fazemos das vontades aquilo que recortamos...

Existem muitos textos... Existe tantos...

Percorro os teus ritos... Sei de cada um... E não-saber finjo... Pois a vida ensinou-me a não julgar falhas... Passo em ti apenas o meu grifo... E não rabisco a tua página...

Reviso apenas o que não aceito... Colo as páginas que são de caráter falhas... Arrumo a lombada descolada e... Depois... Volto a ler-te... Como se fosse o primeiro livro...

Essa valia... Vem da Literatura formação... Colher dos livros o que a mim pertence... As demais coisas são alheios recortes... Não meus...

Vejo apenas a face que colho... As outras são para outras marias...

O saber ler vem de algo maior... Não apenas do decodificar baratas... Kafka.

12:38