VIVESTE MAIS UM DIA!
Nem só de solo vive o gérmen
Nem de trigo, nem me intrigo
São calotas polares neste mar de miséria
À pouca, parva e séria conjuntivite da vida
Buscando mais na sala do que trazendo na ida.
São otites!
Inflamações em fleimões ensanguentados
Idéias ralas do inopioso passado
Ao que se devem os anjos
Beliscar, sorver toda a essência.
Ah, essência!
No lóbulo mais sagaz da hombridade humana
No módulo mais loquaz da iniquidade mundana
Atolo-me em atol eflorescente
A palpitar tais soluços que me rasgam o apetite.
E se eu continuar sonhando?
Vou às liras convolutas, esgarçadas
Com os braços cerrados a não tomar friagem
- sem resquício, nem aragem -
Com a úvula em polvorosa a me ensinar o que é espelho.
E, daí...
Quando eu chegar em casa
Olhar-me-ei bem dentro e direi:
Viveste mais um dia!