SERESTA

Existem momentos inexplicáveis que somente em sonhos vivemos, uma amplitude de emoções que margeiam tão diminuto espaço no tempo, a profundidade e beleza que nos cega os olhos e dilata o sentido da audição, que é impossível não chorar. Pois chorei uma felicidade incontida na voz de uma alegre menina já com seus oitenta anos de vida. Suavemente declamava seu amor em uma canção eterna. Uma harpa floreando os versos melodiosos de um coração infantil, um namoro adolescente, apaixonadamente imortal. O olhar lançando ao amado, ignorava o espanto e admiração dos ouvintes, um mundo a parte criado naquele momento apenas para duas almas gêmeas, dois espíritos inseparáveis, um único rumo sem fim. Tão sublime o ar que respiro em ambiente de tamanho romantismo lírico, que uma ponta de inveja nasceu em mim, de impotência, como se aquele amor, aquela intensidade de vida, não me cabia, era único e servo daquelas duas vidas abençoadas.
Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 10/06/2006
Código do texto: T172628