Trêmulo fulgor

Somente dentro da noite, minha luz pode se ressaltar; diante do sol, minha chama é nada.

Procuro a noite: venha, noite! Venha, treva! para que eu possa mostrar meu trêmulo brilho.

A noite é o vício alheio, é o filho pródigo, é a face sombria que todos negam e escondem.

Mas eu aponto, eu descubro: só assim posso opor minha tênue claridade.

Não sou e nunca serei o sol, eu sei; não tenho força para criar. Porém, ao revelar a noite alheia, sinto-me poderoso: esqueço da fragilidade da minha luz.