Fragmentos do instante (continuação)

21

... muitas vezes a corda fica bamba...

22

O futuro bem pensado é tão perfeitinho que nem acredito.

23

São as palavras que contém sentidos ocultos ou sou eu que tenho interesses subterrâneos.

24

Não penduramos chuteiras nem sapatilhas, apenas trocamos por outros sapatos - nossos pés cresceram - foi no bazar da vida.

25

Escrever é cumprir a necessidade.

26

Será assim?

... meu pé em ponta, o passo em vôo de um mergulho, para que eu seja leve à terra...

27

Uma matilha inteira gane dentro de mim. Corto as unhas para que à noite não me lanhe.

28

Muita vez sou excessiva, mas não sou depressa, eu só tenho preferência pelo agora.

29

Escrever é fazer amor com deus, gozar de si próprio. Não serve para nada, estou isenta.

30

Assim sento-me, balançando as pernas como pêndulos à beira de abismos. Uma hora tudo pende ...

e cai.

31

Até quando essa lua nos olhos?

32

Será que quando me agrediam, era realmente a mim que agrediam? De repente, eu não era mais eu.

33

A vida é um jogo de xadrez, mal dá tempo de pensar, armar estratégias diante do inusitado, mexo duas peças e a vida já me dá xeque-mate!

34

Chegaremos o dia em que teremos o direito de escolher a nascer ou não? Quando chegará o dia em que poderemos escolher antes que se dê a confusão de vida? Antes das partes rolarem os bigodes? Antes que tudo se foda? E que tecnologia será essa?

35

Estrela:

navio nu céu

36

escrevo porque vivo a realidade

onde a poesia é (an)coragem

37

Ponte Rio-Niterói

-estendida sobre a Guanabara-

para duas solidões.

38

Bem sei que palavras não enchem barriga nem pagam as contas, mas talvez, pode ser que alimente e excrete esse nosso isso de dentro, a que alguns chamam espírito. Para mim, é também uma forma de amar.

39

Às vezes, a escrita é fora de controle.

40

desdobro o infinito nessa caótica ambiguidade de onda e eco...

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 31/07/2009
Reeditado em 05/08/2009
Código do texto: T1729942