LIBERDADE (OUTRO OLHAR)

Por essa incompletude doce que se instalou em meu destino, eu não esperava. Estou sorrindo agora. Doce? mas qual é o sabor? Agora já choro. Piegas e ridícula leio um poema de J. G Jorge, lembrando outro poeta que dizia: “Êh, liberdade, essência perigosa”. As mulheres têm a capacidade de pensar e fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Eu não. Quando penso nele, sou completamente inapetente, inarmônica, inarticulada, inarredável, inassimilável... Não encontro solução, não vejo graça em conselhos, nem beleza em paisagens. É uma questão de olhar turvado, catarata em grau avançado. À noite fica pior, não enxergo nada! Sinto meus olhos pisados. Os dele também. Tristes e dolentes. Uma ausência idosa, decente! Não, parente. Cada dia menos minha, essa ausência... penso na palavra ausência. Não é essa palavra que eu queria dizer, mas não achei outro teor semântico. Estou oca. Nosso lago de olhares está ao fim da estrada, onde casinhas de palavras que trocamos formam uma vila inteira povoada de silêncios. Linda e mórbida paisagem. Faz frio. Mas essa fria dor, eu não a solto, também sei que não me deixa.