Floradas

Procuro.

Luz brava?

Escuro tátil?

Sei que não conheço esse chão.

Está firme demais para os meus pés acostumados com areia.

De onde eu vim, as árvores caminhavam e suas sementes voavam.

Iam de bico em bico até encontrarem um terreiro onde as aves semeavam.

Aqui não há verde.

Cinzas, muitas cinzas... O que abrasou?

O chão está muito duro.

Os olhares não têm perdão.

As mãos se fecham em conchas.

Morri e não me avisaram?

Não posso ter morrido.

Não fiz testamento.

Não vi a florada de setembro.

Não esgotei todo o meu amor.

Ainda borbulham desejos que inundam minhas vestes

Meus olhos ainda lacrimejam nas emoções fortes

Ainda compadeço-me da sua dor.

Rasgue todas as cortinas

Regue todo este solo

Quero a maciez ao pisar em nuvens

Quero que a sua solidariedade perdure

Quero íris na luz dos olhos seus...