QUALQUER COISA ASSIM
Tudo parecia um sonho,
o dia amanhecia, e nós secávamos
a última garrafa de champanhe.
Palavras indecentes à nossa sociedade,
caras pintadas, mascaradas, obscenas,
beijos rasgados, olheiras,
e o último drink!!!
Era o último pique.
Corríamos a madrugada,
fazíamos piadas pesadas,
tinham que ser depravadas,
pulseiras de couro, de ferro,
tipo heavy-metal pesado,
gargalhadas,
calças jeans, tipo sete anos de uso
e três semanas sem lavar
tipo hippie, muito louco,
cabelos longos é pouco,
um copo pra festejar.
O dia amanhecia,
as garrafas vazias,
o cinzeiro no chão,
o cheiro de fumaça
de nicotina pura.
O sol chegava.
Era a última hora.
Tínhamos que lavar a cara,
passar a ser peça rara,
pôr o sapato alto, a gravata,
sair do sonho, da madrugada,
mudar de palco, de personagem,
trocar a peça,
passar pro segundo ou terceiro ato,
ou qualquer coisa assim.