QUALQUER COISA ASSIM

Tudo parecia um sonho,

o dia amanhecia, e nós secávamos

a última garrafa de champanhe.

Palavras indecentes à nossa sociedade,

caras pintadas, mascaradas, obscenas,

beijos rasgados, olheiras,

e o último drink!!!

Era o último pique.

Corríamos a madrugada,

fazíamos piadas pesadas,

tinham que ser depravadas,

pulseiras de couro, de ferro,

tipo heavy-metal pesado,

gargalhadas,

calças jeans, tipo sete anos de uso

e três semanas sem lavar

tipo hippie, muito louco,

cabelos longos é pouco,

um copo pra festejar.

O dia amanhecia,

as garrafas vazias,

o cinzeiro no chão,

o cheiro de fumaça

de nicotina pura.

O sol chegava.

Era a última hora.

Tínhamos que lavar a cara,

passar a ser peça rara,

pôr o sapato alto, a gravata,

sair do sonho, da madrugada,

mudar de palco, de personagem,

trocar a peça,

passar pro segundo ou terceiro ato,

ou qualquer coisa assim.

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 15/06/2006
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