Porto Seguro
Ó meu amor
Recorra ao meu peito e afogues nele, as suas mágoas
Ele te pertence, desde o áureo momento
No dobrar do sino, na noite primaveril
Dos olhares se entrelaçando, incontroláveis.
Ó minha musa
Recorra ao peito que é teu por direito
É a armadilha intocável da plena luz
E o cerne perene da penumbra.
Nobre esfinge, rastros milenares no tempo
Tu és dadivosa e proprietária de um tesouro
Afaga a ti e ao teu peito carente e bondoso
Encerras nele, o dia rude, os atos falhos
Abasteça-o com o néctar do puro sentimento.
Ó meu anjo
Tu és a lira e a poesia, soltas no mar
Mereces o abrigo, amigo e acolhedor
No afeto fértil, a tranqüilidade aflora
E quando, por algum motivo, ou acaso do destino
Estiveres ausente do teu ninho, clame por ele
Que num instante, ele virá a te socorrer
Pois de ti, ele retira a inspiração para a vida.