Juro que eu não sabia
 
Se eu soubesse, não nasceria. Ficaria naquela fase de água e idílio em completa união com o cosmos antes de ser célula. Ainda não sei, mas ouso adivinhar que aqui cheguei invisível gameta e assim voltarei para o seio de Luz.

Se eu soubesse, não cresceria. Ficaria na Terra do Nunca, como a fada Sininho. Leve, doce, flutuante. É duro crescer e não poder voltar aquele mundo onde bastava uma figura num livro para se criar um enredo fantástico.

Se eu soubesse, não amadureceria. Porque amadurecer é mais que crescimento. Dói tanto ou mais que nascer, pois se nascer é ato solitário, se faz de uma só vez. Já os passos da caminhada são constantes e necessários, cada vez mais distantes da árvore de onde o fruto caiu.

Se eu soubesse, não aprenderia. Desse saber que não prepara para a vida, me guardaria casta. Ao invés de aprender sobre os logaritmos, os elementos da tabela periódica, aprenderia sobre versos alexandrinos, a tocar bandolim, como obter cores a partir do vermelho, azul, amarelo...

Se eu soubesse, não morreria. Pois para morrer, basta apenas se esquecer da grande lição a ser vivenciada: a felicidade! Mas, juro que eu não sabia que, assim como as estações mudam a paisagem, a Vida segue em ciclos e dela eu sou parte e continente.

 
 
 
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Este texto faz parte do Exercício Criativo “Juro que eu não sabia”
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