Quando as folhas vieram ao chão.
Naquele dia tudo ia bem, sem ao menos saber que algo havia saído do controle. A vida se fazia de álibi para minha própria revolta, revirava e jogava na minha cara que a culpa era absolutamente minha. Sem poder me defender, sabendo que a vida estava certa e eu seria realmente o único culpado, comecei a chorar. Chorar e me debater em meu interior, pois nada mais podia fazer, a resposta que definiria o resto de minha existência, não sairia da minha boca.
Largado a deriva e ansiosamente esperando meu julgamento, não conseguia mais expressar, minhas vontades nem mesmo pra mim. Não conseguia mais pensar no que seria certo ou errado.
Foi quando meu julgamento veio. E minha sentença foi completamente diferente do que imaginava. De forma milagrosa, morri por dias, e voltei a vida com um simples e pesado “eu te amo”, tudo começou a fazer sentido novamente, as ideias voltam a viajar nos caminhos certos por dentro de minha cabeça. Como folhas de outono caindo ao chão numa bela tarde, assim como é todo ano, minhas ideias voltam a surgir após dias, e tudo recai ao ponto da perplexidão novamente, como poeira se juntando sobre os moveis abandonado sem ao menos o luxo de ter uma sombra jogada contra a parede por causa das luzes esquecidas acesas.
A maravilha da rotina toma mais uma vez seu rumo tão sagaz e triste.