Internet

A Murilo Mendes

Uma enorme teia de aranha se espraia por um lugar igualmente enorme, tão grande que não é possível mensurá-lo, mas tão ínfimo que cabe num chip de palmtop.

A luz se faz matéria dessa teia, corre velocíssima pelos meandros da cibernética, levando mais informação do que o cérebro é capaz de armazenar – que bom seria se pudéssemos, após um back-up do que é mais importante, formatar nossas mentes!...

As distâncias se reduziram, a luz uniu as pessoas que antes estavam distantes; se continuam longe corpòreamente, agora podem, através de um simples click, falar-se e até ver-se – no futuro, quem sabe até tocar-se? E, num futuro mais futuro ainda, é possível – provável? – que nos comuniquemos com todo o Universo.

A luz que une as pessoas também as desune, transmitindo preconceitos, absurdos, esnobismos, modismos, maldades e toda a sorte de desqualidades humanas; é feita luz sem vida por pessoas com alma sem brilho, incapazes de um bom gesto ou um bom pensamento, peritas em mal-influenciar os que estão à sua volta.

Mas também essa luz abre caminhos, permite que conheçamos novas pessoas e novos assuntos, que estudemos e nos divirtamos, que tenhamos um contato com a História de uma forma que jamais poderíamos ter sem ela. Uma aproximação iluminada.

Essa teia de luz que se espraia no infinito é o próprio Universo dentro do computador, ligado aos Universos de todos os computadores. E em tal analogia percebemos que a Terra, nosso amado planeta, não é mais que um grão de areia na praia, que uma gota d’água no oceano, que um mero kilobyte em meio aos inúmeros yottabytes formados de e pela luz.

Itatiba, 27 de Março de 2009