CLIENTELA AMBULATORIAL: UMA NOVELA REAL

Sinopse

[M]uito esclarecedor. Assim pode ser conceituado o exemplo da atitude com a qual o autor faz o comunitário, de enredo rimado, sobre a saga da Saúde Pública, a atriz principal do inovador e capaz cenário de uma novela real, onde a praga rude, lúdica, infeliz e boçal da politicagem quer tirar vantagem e apagar a principal imagem da trama... Ao fazer o retrospecto de um relatório, o autor conclama um correto e simplório movimento de reformulação saudável, começando pelo setor ambulatorial, visando livrar a população do esquema abominável, criticando o problema de maneira responsável e empunhando a bandeira de uma opção recomendável e/ou de um lema viável para desafogar o setor emergencial da capital paraense do dilema da superlotação interminável, como foi possível no litoral piauiense, cenário inicial de uma ação profissional que discute o salário médico atual, travando uma querela triunfal a favor de uma clientela ambulatorial que está causando furor social no setor emergencial...

1º) capítulo

[U]ma superlotação no setor emergencial se enfrenta com a reformulação do setor ambulatorial! Na década de noventa, após ter dado baixa do Quadro de Oficial de Saúde da Marinha de Guerra Brasileira, assumi a Direção do PSM e dos Postos de Saúde do município de Parnaíba, no litoral do Piauí. Na ocasião, fiz uma rotineira fiscalização nos postos periféricos de saúde e comprovei a canseira dos pacientes... Buscando patéticos atendimentos condizentes, os coitados sofriam esperando alguns médicos faltosos que recebiam salários considerados vultuosos, mesmo sem estarem trabalhando... Com os descontos realizados nas folhas de pagamentos dos tais “descarados difamadores das histórias de Hipócrates”, eu encarei revoltosos e revoltados doutores de oratórias hipócritas... Um deles chegou a me dizer: -“Deixa isso correr frouxo... O dinheiro não sai do teu bolso, quem nos paga é a prefeitura...”. Admoestei a queixa do “gazeteiro cara dura” e elaborei um relatório que encaminhei às Secretarias de Saúde e de Administração, respectivamente. Com isso, encarei, bem de frente, a rude oposição dos “médicos fantasmagóricos” que recebiam sem clinicar... Uma facção formada por “velhos e retóricos coronéis nordestinos” soltou a voz suja disposta a futricar a meu respeito. Porém, a dita cuja sofreu o revés de me ver elaborar, como resposta, um pleito bacana de reformulação no atendimento da saúde municipal parnaibana, com o aval do prefeito e de outras secretarias, exceto a de saúde, cuja titular “puritana” foi denunciada ao CRM do Piauí, por participar da farsa armada e insana contra a população adoentada...

2º) capítulo

[D]entro da lei, envolvido na intenção de fazer uma reformulação no atendimento ambulatorial, não dei ouvido ao fingimento de nenhuma contestação banal. Sem me importar com a falsidade de nenhum trombudo crítico, pude elaborar, com imparcialidade, um estudo estatístico, sobre a produtividade dos médicos, nos Postos Periféricos de Saúde e no PSM da “capital do norte do Piauí”. No final de tudo, pude ver a verdade triunfal sobre uma disparidade social e conclui que o médico de menor produtividade ambulatorial recebia o maior piso salarial, apesar das consultas que não fazia, as quais nem eram descontadas, pois as fiscalizações jamais eram realizadas... Com o apoio das lideranças comunitárias, formei um “comboio” para atropelar as lambanças ordinárias do “corporativismo esculapiano”, cujo cinismo “entrou pelo cano”... Acatando a minha sugestão, a Secretaria de Administração da Prefeitura me deu “carta branca” para fazer a reformulação que deixou a oposição na “retranca da descompostura”...

3º) capítulo

[A]poiado pela alta cúpula da prefeitura parnaibana e pelo prefeito, fui criticado por uma “facção cara dura esculapiana”; mas, não teve jeito, dei meu recado contra a malícia... Após a reformulação do PSM, veio a ocasião propícia de acabar com o aperreio do tormento, do insulto e do descaso da superlotação vitalícia no referido hospital... Em curto prazo, os postos de saúde foram fechados, para reformas. O intento foi reconhecido como legal. O PSM passou a ter normas para acolher o atendimento ambulatorial, sem comprometer o atendimento emergencial... Ou seja, passou a ter local e horário estipulado para um atendimento diário. Na peleja que isso gerou, para o descontentamento de todo cara de pau, o salário só era repassado aos profissionais com o compromisso exato de consultarem no hospital, enquanto o ato de reforma de cada posto estava sendo executado, trazendo o desgosto dos revoltosos, de um grupinho formado por faltosos... Para evitar a alegação de que não haveria um número adequado de pacientes a serem consultados, como viria a dizer um dos médicos “folgados”, foi determinado que, nessas “eventualidades”, o médico escalado para o ambulatório completaria as quantidades necessárias (15 pacientes) e desafogaria o plantão de urgência, numa triagem, feita pela enfermagem, na recepção... A tática funcionou a contento, para a antipática revolta de quem formou uma patota opiniática, sem o dom da argumentação, e discordou do atendimento considerado, na prática, bom pela população... Quando a reforma acabou, e os postos de saúde voltaram a funcionar, o ambulatório do PSM continuou funcionando, porque a clientela ambulatorial e os médicos da urgência lotados no hospital estavam gostando daquela eficiência que o serviço estava gerando no local...

Epílogo

[R]ecompensado pela atuação do trabalho executado, eu vi que a reformulação ambulatorial, elaborada no litoral do Piauí, teve boa repercussão no setor emergencial, ao contrário do que há aqui nesta capital... Não foi à toa o comunitário intento de tal compromisso com o paciente... Estou a recordar, neste momento, de tudo isso, tão-somente para tentar não vir a ser omisso e/ou negligente com quem não encontra consulta ambulatorial e se desloca para o HPSM do Guamá, na certeza de que, apesar da infernal fofoca, encontrará a gentileza de um atendimento por lá... Sem ouvir “comício”, eu até ouvia a “prece” de uma ou outra solicitação funcional e fazia um sacrifício para tentar oferecer o atendimento real que a população merece e o fingimento do setor ambulatorial não oferece... Devo dizer, no entanto, que as solicitações de consultas vinham de todo canto, com uma rotina diarista prejudicial à minha sina profissional de plantonista do setor de urgência do citado hospital... Resolvi, então, exercer, exclusivamente, a função emergencial pela qual sou remunerado... Afinal, trabalhando dobrado, eu fui ficando cansado... Acontece que tal demanda ambulatorial aborrece e tem prejudicado o atendimento de urgência... Apesar das labutas e da eficiência da competente triagem, feita por cada profissional de Enfermagem, as “consultas mal programadas” estão sobrecarregando o local e tais mancadas vêm transformando o hospital num “postão de saúde superlotado”... Com o plantão prejudicado, algo deve ser feito para que o funcionamento ambulatorial passe a funcionar a contento. Quem sabe se alguém não se atreve a aproveitar a real dica sobre a situação de Parnaíba, antes de apostar na banal e pudica oposição a este escriba que nem vai se importar com nenhuma enganação, quando chegar a eleição...

Último capítulo

Embutido nesta novela, da Sinopse ao Epílogo, há o prognóstico a ressaltar o recado de um acróstico onde está destacado o verbo MUDAR... Fazer uma reformulação no setor ambulatorial é a solução para o setor emergencial. A diferença entre o fato ocorrido em Parnaíba e o que tem acometido Belém é imensa e isso deve ser debatido... Em Parnaíba, alguns médicos recebiam “razoavelmente bem”, já que não atendiam ninguém, antes de terem seus salários descontados... Em Belém, não é necessário ser feito nenhum comentário sobre tal tema... Além da questão do mau lema dos salários, convém, então, abastecer os armários dos postos com medicamentos para que ninguém venha a sofrer os desgostos de (após os atendimentos) não receber a prescrição feita pelo profissional competente, sem a enganação atual da desfeita existente no setor ambulatorial tétrico e deprimente, tão prejudicial a tanto médico e a tanto paciente desta capital... Portanto, em tal atuação pouco saudável, se a situação é responsável pelo sufoco, a oposição tem uma parcela considerável de culpabilidade... Na querela detestável, impunemente deflagrada, há um pouco de opção viável e prudente a ser executada, com boa vontade, por quem não quer a acusação de ser mouco: na verdade, a impostora corruptela de atuação, provocada pela situação e perpetuada pela amadora balela da oposição, haverá de receber o troco da comunidade, revoltada com razão, na vindoura novela chamada eleição...

Paulo Marcelo Braga

(Belém, 12/11/2003)