Verdades e veleidade II****

II – Novo arebatamento

E estas manhãs nunca mais serão iguais. O tempo das mudanças de tudo transforma antigos passos em novas marcas no tempo; percalços aos cansados de vida, agonia aos sedentos de novas conquistas – todos juntos, num só barco, sem rumo e sem prumo. Antigas ondas se revezando nesse mar de anseios cotidianos, antigos pensamentos atordoados com novas dinâmicas de efêmeras teorias. Tudo, freneticamente, numa rotina de existência quase evasiva; a vida "tentada" a ser remodelada por conceitos nunca antes tão indefinidos.

Os poetas tentam usurpar o novelo da vida – ora retilíneo, ora conturbado. Criam formas enganadoras ao coração. Pensam romper as placentas ilusórias, forjando novos recantos de palavras, onde pensam resguardar as mágoas dos tormentos de amores desfeitos; tudo em vão, tudo muito supérfluo... A vida sempre contínua; as ilusões de sonho continuamente fecundadas, cada vez mais lineares... do beijo mais simples ao ato mais complexo da manifestação humana.

As linhas do tempo vão sendo (des)enroladas pelas nossas próprias mãos, nossas (im)próprias vontades, nossos próprios sonhos de vida... muitas vezes, em momentos sem nenhuma poesia. E um dia, esvai-se o instante derradeiro àqueles que se esquecem que a vida terrena não é uma eternidade, e nada teremos feitos que dignifiquem nossa existência; apenas subsistimos, apenas clamamos por glórias passageiras...

O amanhã estará sempre atento, porque o agora já se foi e o segundo já foi perdido. Em cada história de vida, os plasmas da incompreensão humana permanecerão etéreos. Somos nova roupagem em busca da compreensão da vida que nunca será desvendada; apenas, questionada!

Assim, sofrem as almas derradeiras nas suas (in)compreensões de morte, sofrerão futuras almas que tentarão compreender os mistérios da luz. Tudo muito vã, tudo muito obscuro... tudo muito simples às almas que se resguardam, incólumes nas suas essências, à espera do renascer.

Outra manhã virá, nunca igual; vida e morte, confronto de sorrisos e dores,loucura e lucidez... de rebento e arrebatamento rente aos alicerces das formas perfeitas de vida nunca alcançadas pelo homem.

(*)21.06.06

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 21/06/2006
Reeditado em 20/10/2012
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